A
Liga Moçambicana de Futebol
Maputo
Assunto: Notificação
At. Sr. Marcelino Tovela
Tendo sido notificado por essa instituição desportiva para justificar as declarações por mim proferidas após o desafio do Maxaquene contra o Ferroviário da Beira, realizado na Beira no dia 17/10/10, a alguns orgãos de comunicação social, tenho antes de mais de referenciar que para me puderem acusar destas declarações teriam que apresentar também provas materiais. No entanto, como sempre fui e serei homem com personalidade e caracter, assumo sempre com frontalidade o que em sã consciência penso ,digo e faço, com convicção e sem subterfugios. Sem necessidade de que me apresentem as gravações das minhas declarações confirmo e reafirmo o que entre várias coisas disse nessa ocasião:
1. Sr. João Armando é um dos árbitros mais corruptos do nosso futebol.
2. O responsável deste estado critico na nossa arbitragem e portanto, conivente com essas situações é o Sr. Venildo Mussane Presidente da CNAF.
3. Existe um grupo bem considerável de árbitros que pertencem ao sistema de viciação de resultados, adulterando campeonatos e que subjugam aos poderosos que querem manter esse mesmo sistema.
Relativamente a esses aspectos formalizarei mais a frente as ideias e factos que me fazem sustentar tais opiniões sem ter quaisquer dúvidas. Acho no entanto um pouco irrisoria a forma como me solicitam tal esclarecimento pedindo que indique...”As circunstâncias , modo, tempo e lugar”, e devo esclarecer, não sou membro da Policia de Investigação Criminal, nem do Gabinete do Combate a Corrupção, nem do Ministério Público e não possuo os meios que esses organismos tem para puderem averiguarem e comprovar tais e outros factos. Nem, tão pouco, possuo poderes para solicitar a tais organismos o uso destes mesmos meios nestas mesmas averiguações. Poder para tal tem os senhores, e so não o usam se não quiserem. Sujeitando-se a serem conotados com conivência no assunto. Isso se não quiserem desvendar ou pelo menos aprofundar a investigação sobre assunto tão serio como a verdade e a éctica desportiva. Devo referir que a dois anos atras fui ouvido pelo vosso Conselho de Disciplina tendo já nesta altura me referido a esses aspectos de corrupção e apesar de estar com a razão fui castigado (ou calado) por três meses de suspensão. Nada foi investigado sobre as minhas afirmações apesar de me ter oferecido como cobaia para essas averiguações fornecendo o número da minha conta bancária e do meu celular para que escutas a gravações pudessem ser efectuadas e movimentos bancários esclarecidos. Isto na esperança que este facto provocasse a mesma investigação a outros agentes desportivos. Nada de nada!!!
Sobre a notificação propriamente dita terei a dizer que quanto ao ponto 1 o Sr. Jõao Armando é um individuo desempregado a cerca de cinco anos. Ainda era eu treinador no Costa do Sol em 2005 e 2006, clube de que esse Sr. é adepto, e ele sempre que era nomeado para jogos do Costa do Sol ainda antes de se tornarem públicas as nomeações aparecia no clube a informar que era ele o árbitro e a solicitar valores que entretanto nunca lhe foram dados pois o Sr. Rui Tadeu Director do clube sempre foi contra esses actos. Poderão comprovar essas afirmações os Srs. Garrincha e Loforte na altura funcionários do clube no departamento de futebol. Em 2009 esse senhor na presença do Sr.Filipe Budula Vice Presidente da AFCM nos disse que as suas actuações nesse ano seriam excelentes pois não queria mais esquemas porque já tinha a vida resolvida. Efectivamente ganhou o árbitro do ano. No entanto tenho a referir que esse Sr. nesse mesmo ano após uma discussão no bairro com o técnico Garrincha ameaçou-o que o iria expulsar do banco no dia seguinte em jogo do Atlético Muçulmano o que efectivamente veio a fazer sem justificação mas custou ao técnico um mês de suspensão. Esse Sr. teve a possibilidade de comprar uma carrinha mini bus com que fazia chapa a dois anos atrás. Essa carrinha foi acidentada mas no entanto ele conseguiu agora comprar um carro com que se faz movimentar e ainda outra carrinha mini bus o que é realmente de muito estranhar para quem é desempregado a vários anos. Relativamente ao jogo da Beira esse Sr. e o seu auxiliar o Sr. Julio Muianga fizeram sábado a noite vários telefonemas e enviarem mensagens para o celular número 826384320 pertencente a um membro do Conselho de Sócios do Maxaquene, conhecido por “Gémeo” informando que estavam muito mal instalados e se o Maxaquene não lhes poderia arranjar condições para melhor alojamento e ainda senão haveriam valores a receber para facilitar o jogo na Beira solicitando ainda que esses valores fossem pagos antecipadamente o que logicamente não aconteceu pois o Clube de Desportos da Maxaquene não faz uso destes esquemas e aliás só tem a reclamar este ano contra arbitragens tendenciosas contra o clube ao longo de toda a prova não havendo nenhum jogo em que qualquer adversário tenha posto em causa favores feitos ao Maxaquene para vencer.Esse Sr. sabia ainda que o Maxaquene tinha jogadores preponderantes em risco de apanharem o quinto amarelo e não poderem jogar contra a Liga Muçulmana, nesse sentido conseguiu fazer com que o avançado Toni apanhasse o quinto amarelo numa jogada em que existiu um claro penalti a favor do Maxaquene mas que o árbitro optou de propositadamente e por conveniência em marcar falta ao avançado dando-lhe o respectivo cartão. Coincidentemente e muito estranhamente esse lance não é documentado pelas imagens televisivas apesar dos reporteres da rádio e dos jornais terem feito referência a ele. Expulsou ainda o defesa Campira numa alegada mão dentro da área que nem as imagens em camara lenta na televisão conseguem comprovar e nos quatro minutos de desconto não queria deixar realizar a terceira substituição a que o Maxaquene tinha direito, que com um jogador fora por lesão se viu obrigado a jogar com nove jogadores esse tempo em falta o que o delegado ao jogo e o quarto árbitro podem comprovar.
Sei que tudo que mencionei atrás sobre esse Sr. bem como qualquer comprovação por parte de testemunhas por mim relatadas será sempre um caso em que é a minha palavra contra a dele.No entanto penso poder haver provas comprovativas dos telefonemas e mensagens que este Sr. e o seu auxiliar fizeram para o número do celular por mim indicado e se, se pedir a operadora Mcel a possibilidade de se fazerem escutas as gravações existentes na operadora nesses dias especificos para esse número.
Sobre o ponto número 2 devo referir que não chamei de corrupto ao Sr. Venildo Mussane (até que me provem o contrário). Disse sim que ele é o responsável por este estado de situação da arbitragem pois ele é o Presidente da Comissão Nacional de Árbitros de Futebol e ele conhece perfeitamente todos os seus filiados sendo ele o responsável pelas suas nomeações o que o torna conivente com o processo. Devo salientar que o Sr. Venildo Mussane age de forma pouco éctica aceitando nomeações encomendadas por certos dirigentes dos clubes colocando árbitros em certos jogos conforme o interesse de certos clubes. Comprovo isso pois tendo eu sido treinador o ano passado do Atlético Muçulmano sempre era informado pelo Presidente do clube sobre os árbitros que actuariam nos jogos do clube antes ainda de sairem as suas nomeações isto a pedido dele. Se com esse Presidente isto ocorria e o Atlético Muçulmano é um clube com pouco poder financeiro, é de duvidar que o mesmo aconteça com outros clubes de maior poder financeiro. Ainda sobre o Sr. Venildo Mussane, não fui eu que o acusei, nem fui eu que o castiguei a pena de dois anos de suspensão como arbitro por suposta corrupção em jogo das competições internacionais de clubes em Angola. Foi a CAF. Isto é sintomático.
Acho estranho que estando a Liga Moçambicana de Futebol interessada em defender o brilho da prova que tão bem organiza e o invetimento dos patrocinadores da mesma, não tenha chamado a depor para esclarecimentos, os Sr. Abdul Gani e Pascoal Loforte que abandonaram a arbitragem e a própria Comissão de Arbitragem tendo até dado entrevistas aos jornais com conteúdos bastantes polémicos e reveladores da podridão que nesse seio existe. Sendo as arbitragens a maior nódoa do Moçambola, seria importante que a Liga Moçambicana de Futebol tomasse medidas mais profundas de forma a se purificar o meio.
Quanto a terceiro ponto penso que pelo que atrás mencionei está mais que vidente que o sistema de corrupção existe na arbitragem e não é um caso isolado. Provavelmente oitenta porcento dos árbitros não tem emprego fixo. Os seus prémios de jogo são muito baixo e as suas diárias a quando das deslocações são reduzidíssimas o que os deixa numa situação bastante vulneráel e premissível de serem corrumpidos por quem tem dinheiro e não tem escrupulos. Não acusei mais nenhum árbitro de corrupto na entrevista, mas como exemplo não fui eu que acusei, nem fui eu que castiguei o Sr. Arão Júnior em seis meses de suspensão por alegadamente ter solicitado valores ao treinador do Ferroviário da Beira Sr. João Almeida antes de um jogo contra o Maxaquene. Foi o Conselho de Disciplina da Liga Moçambicana de Futebol. E isto é sintomático. Aliás esse Sr. também desempregado acerca de dez anos também possui chapa mini bus próprio. Estranhamente o Sr. Arão Júnior e o Sr. António Massango apareceram na parte decisiva e final da prova de novo a apitarem sem terem passado em nenhum teste de capacidade fisica nem nos testes realizados pela FIFA estando agora a apitar em jogos determinantes .Para além destes árbitros muitas dúvidas persistem sobre a honestidade dos Sr. Mateus Infante e Ainad Ussene com muitas actuações polémicas envolvendo as equipas da Liga Muçulmana e Vilanculos.
Para terminar gostaria de poder apresentar um opinião que já tive a oportunidade de dar ao Sr. Presidente da CNAF mas que não é aplicado. E compreende-se porquê? É que para manter o sistema é preciso deixar tudo como está. Propnho que a Liga Moçambicana de Futebol crie uma comissão que passe a avaliar as arbitragens e que tenha o poder de vetar alguns árbitros e sem ligação com a CNAF. As nomeações feitas pela CNAF deveriam ser por sorteio de trios de arbitragem na presença dos delegados dos clubes para evitar suspeitas de nomeações encomendadas. Esta comissão iria velar pelo interesse do brilho e da ética na prova que é o que todos desejamos principalmente os patrocinadores da mesma.
Sempre ao dispor e a bem da verdade e da ética desportiva
Maputo, 03 de Novembro de 2010
Arnaldo José Salvado
A
Liga Moçambicana de Futebol
Att: Sr. Marcelino Tovela
Assunto: Denúncia
Exmo Senhores
Venho por este meio apresentar uma denúncia sobre uma situação que me foi relatada e que a ser verdade será de extrema gravidade pelo que penso ser pertinente se averiguar o caso.
Fui informado pelo Vice Presidente do Atlético Muçulmano, Sr. Omair Gafur (Lili) antes do jogo Atlético Muçulmano x Liga Muçulmana que dirigentes da Liga Muçulmana teriam contactado jogadores do Atlético Muçulmano com o fim de os aliciar com valores monetários para estes facilitarem no jogo de forma a que a Liga Muçulmana o vencesse. Tudo isto foi confirmado pelo treinador principal Sr. Rafael Maposse (Garrincha) e o seu adjunto Sr. Frederico dos Santos que após reunião com os jogadores da equipa toda, dois deles acabaram reconhecendo o contacto estabelecido por tais dirigentes da Liga Muçulmana. Os atletas em questão são o guarda redes Anivaldo que terá recebido antecipadamente 10.000, 00 Mt (dez mil meticais) com promessa de mais valores após o jogo e o defesa Armando Matlhombe (Toni) a quem foi solicitado o número da sua conta bancária para depósito.Durante o estágio da equipa do Atlético Muçulmano na Namaacha antes do jogo contra a Liga Muçulmana estes mesmos dirigentes da Liga Muçulmana fizeram ainda telefonemas para os atletas em questão. A Direcção do Atlético Muçulmano esteve reunida de emergência nessa noite para analisar o problema e vários telefonemas foram feitos entre os dirigentes do Atlético Muçulmano e da Liga Muçulmana que tentavam desmentir os factos. Nessa reunião estiveram entre outros os senhores Omair Gafur, Amilcar Jussub e José Abdul que tem o conhecimento completo dos factos. Os dirigentes da Liga Muçulmana envolvidos nos telefonemas com os dirigentes do Atlético Muçulmano foram os senhores Rafike Sidat, Shafi Sidat e o Sheik Cassimo. Este último também foi acusado pelo contacto com os jogadores em causa para além de ter sido utilizado como intermediário o jogador da Liga Muçulmana o Sr. Alcides Chihono (Cantona). O guarda redes do Atlético Muçulmano chegou a pagar um lanche aos colegas da equipa depois destes saberem que recebera os valores mencionado atrás. O Vice Presidente do Atletico Sr. Omair Gafur (Lili), disse-me que o clube iria promover uma conferência de imprensa para revelar o caso e que já o tinha comunicado a alguns jornalistas e ao próprio Presidente da Liga Moçambicana de Futebol. Dias após o jogo e em contacto com o mesmo Vice Presidente do Atlético Muçulmano este me disse que não iriam fazer a referida conferência de imprensa pois preferiam não entrar em outras guerras, antes preferindo se concentrarem na luta pela fuga a despromoção. Disse ainda que os mais altos dirigentes do clube achavam que deveria haver um sigilo e um incumprimento do caso visto ambos clubes pertencerem a uma mesma comunidade religiosa.
A se confirmar esse caso será extremamente gravissímo e corresponderá nos Regulamentos Disciplinares a uma acção de corrupção ou tentativa de corrupção para viciação de resultados, podendo nesse caso o clube se sujeitar a perder o titulo e a ser punido com descida de divisão. Achei portanto que estaria na obrigação moral de comunicar estes factos para que os senhores pudessem decidir sobre a sua investigação pormenorizada ou não. Poderão ser usadas escutas as gravações das chamadas telefónicas dos atletas acusados e dos dirigentes da Liga Muçulmana e do Atlético Muçulmano indicados atrás nas datas referidas. Poder-se-a ainda verificar os movimentos bancários do dois atletas em questão tudo isto nas duas semanas que antecederam o jogo até a data do mesmo.
Para comprovar o que referi atrás poderei ainda vos enviar um email que recebi de um dirigente máximo do Atlético Muçulmano relatando-me todas essas ocorrências bem como toda a sua repulsa a decisão de ocultar o caso.
Devido a essa gravissíma acusação que merece por parte da Liga Moçambicana de Futebol toda a preocupação na busca da verdade, me parece de todo desaconselhável que se possa homologar o Campeonato Nacional até ao apuramento dos factos, a bem da ética e da verdade desportiva e na luta permanente contra a corrupção.
Sempre ao dispôr
Maputo, 05 de Novembro de 2010
Arnaldo Jose Salvado