quarta-feira, março 13, 2019

Mieze


O pai do jornalista Amade Abubacar garante que não tem permissão para visitar o filho, desde que este foi detido na cadeia de Mieze, no distrito de Metuge, província de Cabo Delgado. Segundo ele, as visitas têm sido também vedadas ao irmão da vítima, facto confirmado uma outra fonte próxima ao processo em curso na Procuradoria Provincial local.
Na terça-feira (05), a Amnistia Internacional (AI) disse que Amade Abubacar está em “péssimas condições de detenção”, pode estar a “necessitar de cuidados médicos urgentes e não estar” a recebê-los adequadamente. Volvidas 24 horas, a Procuradoria Provincial de Cabo Delgado escalou a penitenciária de Mieze, levando consigo alguns órgão de comunicação social. A finalidade era desmentir a AI, passar a imagem de que o jornalista tem um tratamento condigno e recebe regularmente visitas da família. Amade, que supostamente não foi autorizado gravar as suas declarações, nem se deixar fotografar e tão-pouco ser filmado, é citado pelo jornal Notícias, por exemplo, a relatar que recebe visitas de certas entidades, incluindo de organizações não-governamentais, e goza de boa saúde.
“O meu irmão vem regularmente visitar-me”, afirmou o jornalista, segundo aquele matutino.
Todavia, ele foi desmentido pelo próprio progenitor ao comentar, telefonicamente, que “o irmão dele quando pode ir lá visitá-lo não é permitido” qualquer contacto com o seu parente. “A última vez que vi Amade foi quando ele estava detido aqui em Macomia”, ido de uma base militar em Mueda, onde permaneceu vários dias, igualmente isolado de tudo e todos.
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Armando Wilson, porta-voz da Procuradoria Provincial de Cabo Delgado, classificou as informações veiculadas pela AI como falaciosas e susceptíveis de colocar em causa o Estado de Direito Democrática.
Augusto Messariamba, advogado do MISA-Moçambique e assistente do jornalista em alusão foi categórico ao afirmar que não podia tecer quaisquer informações em torno do seu cliente “sem a autorização da família” do mesmo.
Contudo, outra fonte contactada disse que não constitui verdade que Amade recebe visitas de quem quer que seja. “Você deve saber que na penitenciária de Mieze não se recebe visitas de familiares (...). O próprio MISA-Moçambique que assiste ao caso sabe disso”.  O interlocutor esclareceu ainda que, pese embora nenhum preso tenha o privilégio de manter contacto os parentes, aos advogados é permitido o acesso à cadeia em questão. Ele confirmou que o irmão de Amade já esteve em Mieze mas “ficou do lado de fora”.Ao contrário da mensagem que a Procuradoria pretende passar publicamente, nenhum familiar de Amade tem acesso àquela penitenciária. O irmão já esteve lá mas foi proibido de entrar.

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