quinta-feira, julho 21, 2016

Ó Machado.....!

Houve em Portugal, depois do 25 de Abril, uma revista que mudou totalmente o panorama da BD portuguesa. Chamava-se Visão. Entre os fundadores estava um senhor chamado Machado da Graça. Depois, tal como no país a revista conheceu voltas e reviravoltas e o Machado tornou a Moçambique. Onde fez teatro, introduzindo a tragédia grega neste rincão, suportou revistas de BD, fez rádio-novelas, foi repórter e cronista, sobretudo político, criou a primeira e melhor editora de ensaio sociológico e antropológico no país, e alimentou inúmeros suplementos, sobretudo humorísticos, como O Sacana, quatro páginas que há anos produzia  para o semanário Savana, o primeiro jornal privado pós-período do partido único. Aí pontuava com a coluna A Talhe de Foice, de análise/indignação política que exasperava muitos. Era uma voz que nunca traiu o seu compromisso, incómoda e necessária, por vezes iconoclasta, um verdadeiro besouro.
Hoje folgarão os medíocres. Imagino-o a bater às portas do céu, Senhor Pedro, posso entrar? Ó Machado, entre, a casa é sua! E ele, a interrogar, provocador, Ai, sim, e diga-me, e os perfilados seios  de Maria já palpitam? Porque ele não resistia a dizer uma piada, mesmo que isso lhe custasse um lugar ao sol, e era da raça do Groucho, que não aceitava fazer parte de um clube que o aceitasse como sócio.
Morreu o Machado, vai fazer uma falta tremenda...

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