As sociedades, desde os tempos imemoriais, foram-se desenvolvendo graças ao debate permanente de ideias, muitas vezes divergentes. E foi em resultado desses debates, que nuns casos foram alcançados consensos; noutros, nem tanto. Durante esses debates, grupos opostos “entrincheiraram-se” sempre em posições diferentes. Cada um defendendo os seus pontos de vista. Em autênticas campanhas pela vitória “da sua dama”. O mundo não se fez de um dia para o outro e nem se fez de forma linear. Se calhar apenas Deus foi o único que o construiu num único momento. Mesmo assim, não conseguiu criar toda a gente no mesmo momento. No mundo dos nossos dias desfrutamos de meios materiais que nos facilitam a vida. A criação dessas coisas não ocorreu num abrir e fechar os olhos. Resultou de esforços que incluíram acesos debates de ideias, experimentações técnicas e científicas que duraram décadas, senão séculos. Durante esses debates terá, certamente havido grupos que acusaram os seus adversários de incompetentes, incapazes, etc. Porém, como o objectivo era construir algo para servir a todos, os debates terminaram com a adopção daquilo que aos olhos de “todos” (antes com ideias divergentes sobre um mesmo assunto) se apresentava como o mais ideal. Durante a última campanha eleitoral e ao longo dos últimos meses, tem feito história a tentativa de encontrar no tal G40, o culpado do actual estado de coisas, no que à situação política do país diz respeito. Essa história vem sendo construída por uma determinada “ala” jornalística, que se considera a verdadeira defensora da paz e da democracia, defensora da estabilidade no País. Na construção dessa história, a ala não aceita a opinião contrária à sua.Para os construtores dessa história, as opiniões expressas pelos comentadores do Jornal Notícias, TVM e da Rádio Moçambique são contrárias ao bem-estar do País, são contrárias à paz e a democracia. Apenas eles, os constituintes dessa ala (a que G pertencem?) é que falam do que está correcto. Quando defendem os discursos incendiários do Presidente da Renamo, estão a defender, na sua óptica, a paz, a democracia, a estabilidade. Quando defendem os discursos incendiários do Fernando Mazanga, da Renamo, estão a defender, na sua óptica, a paz, a democracia, a estabilidade.
Fernando Lima, ao falar das tribunas de disseminação da mensagem de ódio e de diabolização, esquece-se de que também usa (ele e os outros opinadores) as suas próprias tribunas (é necessário indicá-las?), para disseminar a sua doutrina “imaculada” e “inquestionável”! Quem não se lembra de editoriais e textos de opinião, publicados em três jornais publicados na praça maputense, “batendo” sempre e sempre, e apenas um lado da política moçambicana? Como se numa sociedade como a nossa, apenas um lado é que está mal. Como se numa sociedade como a nossa, o “outro” lado é que está bem. Divino.Os grupos, com diferentes opiniões, existiram sempre nas sociedades. Cada um a defender posições que considera correctas. Nenhum desses grupos tem o direito de reclamar para si o direito de propriedade da verdade absoluta. O grupo a que pertence Fernando Lima, ainda que sem se identificar em forma de “Gx ou Gy”, quer, a todo o custo, apresentar-se como o dono da verdade. E isso não é correcto. A verdade não tem dono. Deixe que os outros exprimam os seus pontos de vista. Concorde ou não com eles.
(Marcelino Silva in facebook)
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