sexta-feira, agosto 03, 2012

Penso que...para não dizer que...

A predominância de extensas áreas de solos férteis em Moçambique, aliado ao facto da existência de recursos hídricos a altura de responder à demanda de água para a actividade agrícola, fez com que o Estado moçambicano declarasse a agricultura como a base de desenvolvimento do país. E de facto essa premissa é válida se considerarmos que o país reúne condições geológicas e clima-hidrológicas para o sucesso da actividade agrícola.
A inquietação que paira a nível de debate público é sobre a razão porque, apesar dessas condições naturais, a agricultura em Moçambique continua de baixa produtividade. Apesar de pessoalmente não ser especializado em matéria agrária, é óbvio que compartilho com a ideia de que a agricultura ainda está longe de satisfazer o consumo doméstico, para não pensar em exportação ou industrial.
A história mostra que países como Holanda, Inglaterra, Vietname entre outros atingiram a verdadeira revolução agrária, o que lhes colocou numa situação de  auto-sustentáveis e exportadores de produtos. A partir dessa visão, os europeus usaram a revolução agrária como um trampolim para investir noutras áreas económicas, o que lhes conferiu a chamada revolução industrial (um dos cruciais factores de desenvolvimento de um país).
A revolução agrária pode ser real aqui em Moçambique. Se pegarmos como referência o que produzem os poucos centros activos de produção agrícola existentes em Moçambique. Nas pequenas áreas bem exploradas, Moçambique produz grandes quantidades de hortícolas, canavial, citrinos, cereais... e muitas outras culturas de renda, que se multiplicássemos as áreas de produção era evidente que o cenário seria sustentável e animador. 
Então o que de facto falta para atingirmos a independência agrícola e consequente independência em produção de comida para nós primeiros. Sobre os factos:
  1. Penso que falta grandes investimentos nas zonas estratégicas (regadios, ao longo das zonas potenciais, nas barragens...);
  2. Penso que falta investimentos em maquinaria pesada para a actividade;
  3. Penso que falta espírito de trabalho em alguns compatriotas;
  4. Penso que falta a fiscalização da política nacional agrária;
  5. Penso que falta instituições financeiras viradas para o financiamento de actividade agrícola;
  6. Penso que deve haver uma vontade política na base sobre o desenvolvimento agrícola;
  7. Penso que a legislação sobre a posse, uso e aproveitamento da terra tem que ser flexível e responder as necessidades actuais;
  8. Penso que tem de existir centros de investigação agrária em todas as zonas rurais do país;
  9. Penso que o Estado deve revitalizar as cooperativas agrícolas e as casas agrárias, assim como indústrias de agro-processamento próximo dos locais de produção;
  10. Penso que o Estado deve reintroduzir, nas zonas não exploradas e aproveitadas, machambas estatais e produzir cereais (culturas que os privados não apostam muito), de modo a dispor de comida para a população carenciada.
Também penso que cada um de nós, sem ocupação tem que apostar em trabalhar a terra para produzir comida e não esperar que o Estado faça por nós.(Jorge Salvador Cossa)

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