segunda-feira, dezembro 07, 2009

Curioso...

“O irregular e promíscuo funcionamento dos poderes públicos é a causa primeira de todas as outras desordens que assolam o país. Independentemente do valor dos homens e das suas intenções, os partidos, as facções e os grupos políticos supõem ser, por direito, os representantes da democracia. Exercendo de facto a soberania nacional, simultaneamente conspiram e criam entre si estranhas alianças de que apenas os beneficiários são os seus militantes mais activos. A Presidência da Republica não tem força nem estabilidade.O Parlamento oferece constantemente o espectáculo do desacordo, do tumulto, da incapacidade legislativa ou do obstrucionismo, escandalizando o país com o seu rocedimento e, a inferior qualidade do seu trabalho.Aos Ministérios falta coesão, autoridade e uma linha de rumo, não podendo assim governar, mesmo que alguns mais bem intencionados o pretendam fazer.A Administração pública, incluindo as autarquias, em vez de representar a unidade, a acção progressiva do estado e a vontade popular é um símbolo vivo da falta de colaboração geral, da irregularidade, da desorganização e do despesismo que gera, até nos melhores espíritos o cepticismo, a indiferença e o pessimismo.Directamente ligada a esta desordem instalada, a desordem financeira e económica agrava a desordem Política, num ciclo vicioso de males nacionais. Ambas as situações somadas conduziram fatalmente à corrupção generalizada que se instalou…”

O que acabaram de ler não é cópia de nenhum artigo de jornal ou de qualquer revista.
Trat
a-se de parte do primeiro capítulo de um livro agora posto à venda em Portugal e, que data de 1936 de autoria de OLIVEIRA SALAZAR – “ Como se levanta um Estado”. Naquele ano , uma editora francesa negociou com António de Oliveira Salazar a publicação de um livro que, resumindo as opções políticas e a acção governativa do Estado Novo, constituísse o “cartão de visita” do pavilhão de Portugal na exposição internacional de Paris, a realizar em 1937. Este livro praticamente desconhecido durante décadas está já a venda em Lisboa, na sua primeira grande edição em língua Portuguesa.
António de Oliveira Salazar, nasceu em 1889 em Santa Com
ba Dão, uma aldeia de Vimieiro. Era filho de um feitor humilde.Em 1900, depois de completar os seus estudos na escola primária, António Salazar entrou no seminário de Viseu. Em 1908, o seu último ano lectivo no Seminário, tomou finalmente contacto com toda a agitação que reinava em Viseu. Licenciado em Direito, foi nesta mesma faculdade que lhe e concebido o grau de Doutor, na qual viria a ser professor catedrático. Era conhecido por um homem sério, introspectivo, austero, católico e conservador. Foi também António de Oliveira Salazar, que fundou o centro católico português, em 1917. Iniciou o seu cargo como ministro das Finanças em 1928, depois de uma revolução, permanecendo neste até 1932. Foi o político que entre 1932 e 1968 dirigiu os destinos de Portugal, com o cargo de primeiro-ministro. Foi fundador e chefe da União Nacional a partir de 1931. Ele também foi o fundador e principal mentor do Estado Novo, substituindo a Ditadura MIlitar. Também exerceu o cargo de Presidente interino da República, mas somente no ano de 1951.Em 1968, depois de uma vida dedicada a Portugal, Salazar começou a doenças do foro neurológico, e um dia acabou por cair de uma cadeira causando-lhe hematomas cerebrais que se foram agravando ao longo do tempo, acabando por falecer em 27 de Julho de 1970 em Lisboa.

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