“Trabalhámos dois anos nesse estudo de viabilidade e sabemos que se
construirmos uma central eléctrica de cinco mil megawatts no fim do gasoduto
este projecto é um bancável”, disse ele.
Com um custo estimado em 10 biliões de dólares, o investimento numa central
térmica movida a gás seria “mais barato que o Medupi e irá custar menos a
operar se forem acrescidos os respectivos juros”, acrescentou.
Medupi é um projecto da Eskom, empresa produtora e distribuidora de energia
eléctrica na Africa do Sul, para a construção de uma central eléctrica a
carvão, um investimento orçado em 17 biliões de dólares. Esta central está em
construção próximo de Lephalale, província de Limpopo.“Nós (África do Sul) não
precisaríamos de construir a Coal 3”, disse a fonte, referindo-se ao plano do
governo para a construção de uma terceira central eléctrica a carvão, além das
de Medupi e Kusile.O fornecimento de energia na África do Sul tem sido precário
desde 2008, quando a rede de energia da Eskom começou a se ressentir devido a
sua incapacidade de suprir a demanda. Os grandes investimentos da Eskom em duas
novas centrais eléctricas a carvão têm sido afectadas por longos atrasos de
origem técnica e financeira.Os custos dispararam em flecha e a energia ainda
não chegou à rede. O tempo e os custos associados aos projectos como o Gasoduto
do Norte ao Sul de Moçambique (Gasnosu) mostram que se a construção arrancasse
no próximo ano, o projecto estaria concluído até finais de 2018.“Os japoneses
estão em tudo isso”, disse de Vos, referindo-se aos projectos de gás em curso
na Bacia do Rovuma. “O Primeiro-Ministro japonês esteve em Moçambique esta
semana (semana passada) para assinar acordos com o governo na área da energia.
Nós (África do Sul) não fazemos nada”, acrescentou. “É tecnicamente viável
e terá um impacto social massivamente positivo. Se estivermos todos alinhados,
isso pode acontecer, é uma janela de oportunidade que temos agora e não
devíamos desperdiçar, não podemos enveredar pelo Coal 3 quando existe esta
oportunidade logo à porta”, disse ele.Para Cornelis van der Waal, director da
unidade de energia na Frost & Sullivan, uma empresa de consultoria na área
de pesquisa de mercado, disse que o gasoduto é a coisa mais “interessante e
sensata” que ouviu sobre o desenvolvimento dos depósitos da Bacia do Rovuma.
Segundo referiu, o Plano Integrado de Recursos (IRP) encontra-se em revisão e
não é muito tarde considerar o gás natural de Moçambique para o plano de
electricidade da África do Sul.
“As companhias sul-africanas e o governo estão realmente a perder uma grande
oportunidade em Moçambique, com o gás deles na equação, o debate sobre a
necessidade de energia nuclear cai no vagão”, disse ele.“A beleza de um
gasoduto é que, se for bem feito, pode replicar uma outra Sasol e reduzir
seriamente a nossa dependência em importações de crude. Existem muitas
companhias e indústrias que poderiam beneficiar disso, tirar-lhes da rede e
fornecer-lhes gás barato e limpo. Rovuma devia absolutamente estar no IRP”,
disse ele.Segundo o “Business Day”, a única menção de Rovuma no IRP - e que até
foi erradamente escrito Romvula - é o facto de não ter sido considerado no
cenário alargado de gás natural devido a distância e os custos envolvidos no
transporte de gás natural liquefeito.
Pesquisas em curso na Bacia do Rovuma revelam a existência de reservas de gás
natural na ordem de 170 triliões de pés cúbicos, uma magnitude que a Gigajoule
considera capaz de responder a todas as necessidades energéticas da África do
Sul, estimadas em cerca de 40 mil megawatts, nos próximos 170 anos.
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