O Presidente da República visitou a Província de Maputo. No final fez um balanço, cujo resumo foi apresentado em vídeo no portal do Governo. Três assuntos despertaram a minha atenção, todos eles reveladores duma maneira de fazer e pensar a política que dificilmente nos levará a lugar que seja. Acho. E não é a primeira vez que reclamo sobre estas coisas. A primeira coisa que chamou a minha atenção foi a constatação que o Chefe do Estado fez sobre a coincidência entre o anseio do governo pela paz e o anseio da população pela paz. Repito: toda a gente em Moçambique, incluindo a Renamo, quer a paz. Não há nenhuma controvérsia aqui. A controvérsia está nesta pergunta: que tipo de paz? Enquanto o discurso não for para além da constatação de que o povo quer a paz (eu quero paz eu!) vai ser difícil traçar uma estratégia útil para lidar com os inimigos da paz, onde quer que eles estejam. Infelizmente, não há novidade nesta constatação. Todos queremos a paz, mas que paz e como?
A última coisa que me chamou atenção foi aquela parte que nunca falta nos comícios com a “população”, aquela parte, portanto, da lista de compras. No eufemismo político moçambicano chama-se de apresentação de preocupações ou questões. Quais foram? A população quer água, energia e estradas. O que disse o Presidente? Sabemos, estamos à espera da aprovação do Orçamento, está no Plano Quinquenal, etc. Esta é a cultura política do Estado-Pai, uma cultura que promove a dependência, a falta de responsabilidade cívica e a centralização do poder. Para quando um Governo que aborda estas listas de compras com uma mensagem política clara de devolução da responsabilidade, uma mensagem que procura por soluções que vão apenas complementar os esforços locais? Neste ponto o Presidente é apenas porta-voz dum modo de fazer política que é bastante generalizado entre nós e que precisa urgentemente de ser ultrapassado.Moçambique dificilmente vai mudar com mais do mesmo. É nossa obrigação, como esfera pública, interpelar os fazedores de política para mudarem de discurso e, quem sabe, de práticas… Alguém vai ver mesquinhice inútil neste tipo de interpelação, como sempre. Eu vejo crítica constructiva. Jaimito (Langa), o que achas? (Elísio Macamo in facebbok)
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