Porque é que não assistimos a mesma
"confusão" de listas na Renamo?
Na verdade, a pergunta mais importante
antes de fervilhar é: porquê as pessoas se aliam a partidos políticos? E porquê
abandonam?
As injustiças em todos partidos
políticos acontecem. A responsabilidade, esta sim, é que é individual. Se você
se alia ao MDM por exemplo, deve estar claro das injustiças que vai lá
encontrar, talvez, maiores que as que pensa estar a fugir. Se decidir
"voltar a casa" como soi dizer-se quando alguém alia-se a Frelimo,
também deve esperar pela sua vez. A fila é longa, muito longa, e pode falecer
por doença sem antes chegar a sua vez.
Antes de aliar-se a qualquer movimento
político é importante perguntar-se do porquê. O partido político pode ser fonte
de frustração irremediável se pensar que é dele de onde deve vir o seu
sustento; a sua sobrevivência económica. É verdade que todos lutamos pela
equitativa distribuição da renda, mas atenção: há uma longa travessia do
deserto antes de chegarmos lá. Deverá estar preparado.
Para tal é preciso disciplina.
Fernando Mazanga, tantas vezes foi desmentido pelo o seu próprio chefe. Algumas
das situações até poderiam levá-lo a demitir-se. Quem nunca ouviu Dhlakama a
chamar Mazanga de miúdo, apelando para que considerassem a sua palavra final?
Mas porque Mazanga é disciplinado, ei-lo alí onde está. Eneas Comiche foi quase
que empurrado para fora do Município de Maputo apesar do bom trabalho que
fez...há bem pouco tempo até aventavam a sua candidatura independente. Mas
porque é disciplinado, ei-lo onde está.
Também existem exemplos de
indisciplinados, em todos os partidos políticos. Pessoas que até agora já
rodaram tudo o que é partido, estiveram na elaboração de estatutos da Frelimo,
MDM e Renamo. É deste tipo de pessoas que os partidos devem expurgar.
Ou viva independente, exerce a
cidadania de forma independente e vote consciente. Ou filie-se a partidos sem
dele esperar um mar de rosas. À jusante disto, temos também um problema dos
recrutadores. Muitas vezes as práticas de recrutamento de elementos de oposição
têm por base a instrumentalização do "el-dorado"; do "quando nós
estivermos lá", que de uma ou de outra forma é uma tentativa de resposta à
um discurso político dos seus fundadores, mais influenciado pela sua
trajectória e suas experiências de vida, na sua relação com o poder do dia.
Resulta daí todo um discurso de "união dos excluídos", que facilmente
se "traiem" quando a liderança não consegue honrar com a mensagem.
Bayano Valy tem ultimamente
reflectindo (em privado) muito em torno da qualidade dos membros e nos
mecanismos de recrutamento. Julgo ser uma reflexão oportuna, e faço votos que
ele venha com os resultados da sua pesquisa o mais brevemente possível.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Este blogue respeita todos os seus leitores... mas você é especial!Obrigado pelo comentário!