As negociações entre o Governo e a Renamo, voltaram a encalhar,
na segunda-feira, 14 de Abril, ao nāo terem, mais uma vez, alcançado entendimento em torno das
principais tarefas da missão de observação do cessar-fogo. Tudo isto porque o
Governo exige que uma das tarefas da missão dos observadores, para além de
fiscalizar o cessar-fogo, seja a de acompanhar o desarmamento e reintegração
dos homens da Renamo, considerando que os “observadores não podem vir aqui para
brincar”. A Renamo diz que aceita entregar os seus homens e o respectivo
armamento, mas propõe o estabelecimento de bases fundamentais de confiança,
através da aceitação e respeito de alguns princípios que constam numa proposta
que colocou em cima da mesa, ainda nesta segunda-feira, em resposta ao pedido
formulado pelo Governo para saber como pensa a Renamo no que diz respeito a
este processo. Uma das referidas propostas é a composição equilibrada das
Forças Armadas, em que militares das fileiras da Renamo ocupem posições de
destaque. O Governo já deixou claro, face às exigências da Renamo, que não
vai “entregar nada de bandeja”, argumentando que tem mandato do povo para
conduzir os destinos do país. O chefe da delegação do Governo e ministro
da Agricultura, José Pacheco, disse aos jornalistas, no final da 54ª ronda, que
encravaram “na definição da missão dos observadores internacionais ao fim das
hostilidades militares”. O Governo colocou em cima da mesa a questão do desarmamento da
Renamo, e este partido trouxe a sua proposta, em resposta ao pedido do
Executivo sobre qual seria o procedimento. Segundo Pacheco, a Renamo
disse, nas negociações, que não pretende ser desmilitarizada sem que sejam
constituídas as Forças de Defesa e Segurança numa base de paridade. “Aqui,
voltámos de novo a ouvir a questão da paridade”, declarou o chefe da delegação
governamental. O Governo, ainda segundo José Pacheco, entende que a
Constituição da República e demais legislação estabelecem que o Estado, ou a
Administração Pública, não se organiza num fundamento partidário, enquanto a
Renamo – no Ponto Três que está em debate nestas negociações – propõe a
despartidarização do aparelho de Estado. O Governo, na pessoa do chefe da sua delegação, acusa a Renamo
de ter vontade de querer continuar a criar desordem e insegurança. Apesar de
manifestar abertura para continuarem a se “consciencializarem e a dialogar”, o
Executivo diz que não vai ceder de bandeja, pois considera que fez muitas
concessões. “Nós não podemos entregar de bandeja. O povo confiou-nos os
destinos do pais”, afirmou. José Pacheco lembrou que o Governo fez todas
as concessões para que se tivesse uma legislação eleitoral de consenso, de modo
a dar conforto à Renamo, aceitou a presença de observadores nacionais e
internacionais para a cessação das hostilidades, a desmilitarização e
integração dos homens da Renamo, para além de ter adoptado os termos de
referência. Renamo quer que a Defesa e Segurança sejam do Estado. Por
seu turno, o chefe da delegação da Renamo, o deputado da Assembleia da
República Saimone Macuiana, disse que, na sequência do pedido sistemático do
Governo para que o país não tivesse militares ou guardas da Renamo armados, a
Renamo apresentou a proposta.
terça-feira, abril 15, 2014
"Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a si"
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