terça-feira, abril 05, 2011

“Afrikaners” deixam terra natal

Nos últimos tempos, um elevado número de farmeiros comerciais sul-africanos têm estado a abandonar a África do Sul para se estabelecerem nos da região da África Austral, entre os quais Moçambique, onde acreditam haver melhores condições e segurança para a prática agrícola.Além de Moçambique, a República Democrática do Congo (RDC), Malawi, Zâmbia e antiga República Soviética da Georgia, na Europa, são dentre os países que os farmeiros sul-africanos consideram como sendo o seu destino. Apontam como motivo que os leva a abandonar a África do Sul as más condições agrícolas e “inadequadas” leis adoptadas pelo governo.Dos 120 mil farmeiros que existiam em 1994, hoje a África do Sul conta apenas com 37 mil farmeiros comerciais, situação que faz com o país esteja à beira de importar comida.Os fazendeiros apontam o dedo acusador a sindicalização dos trabalhadores do sector, leis inapropriadas, elevado custo de electricidade e água e ameaça de reformas agrária como principais motivos que os leva a abandonar o país.Peritos acreditam que a África do Sul está agora a começar a sentir os efeitos da situação, estando assim a importar cereais como trigo, que no passado era produzido localmente.Na última década, 2.000 farmeiros comerciais abandonaram a “Terra do Rand”, para se fixarem em países como Moçambique, RDC, Botswana, Malawi, Lesoto, Zâmbia, Swazilândia e Georgia.Refira-se que, em Março deste ano, 40 farmeiros sul-africanos deslocaram-se a RDC numa missão de prospecção de negócios, tendo concluído acordos que os permitirão a produzir milho, feijão e vegetais naquele país. Os farmeiros, na sua maioria “Afrikaners” (boers), acreditam que a última ameaça, a nova lei de segurança e posse de terras, ainda em debate, vai ser o último constrangimento que os levará a sair em massa do país.Argumentam que este instrumento legal dará aos trabalhadores das farmas, incluindo moçambicanos, a manterem pequenas espécies de animais em terras que não os pertence.A lei também irá conferir aos trabalhadores o direito de construírem casas para seus familiares, inviabilizando assim a produção de comida.Andy Tladi, um dos farmeiros com olhos virados para a RDC, disse que a lei constitui um “cheque em branco” para os trabalhadores das farmas fazerem o que lhes apetecer.Os trabalhadores das farmas irão construir aldeias em áreas onde se produz comida. Se for permitido que 10 pessoas ergam as suas casas numa farma, no período de 20 anos estarão 30 famílias, o que vai desencorajar o investimento no sector, disse Tladi.O jornal sul-africano “Sunday Times”, que se edita em Joanesburgo, cita Kobus Badenhorst, farmeiro radicado no distrito de Boane, na província sulista moçambicana de Maputo, que manifestou a sua satisfação por estar numa terra de trabalhadores e distante das sistemáticas ameaças de crime e roubo, como acontece na África do Sul.

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